quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

presente do poetinha

Já que o blog andou quase temático esse ano, com meus lutos e perdas todas, divido com vocês aqui um presente que Vinícius de Moraes deixou para mim dentro de um livro verde:

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte -
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Vinícius de Moraes. Antologia Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

então é natááááááál!

É, amigos, mais um Natal. Chuva em Brasília, pessoas enlouquecidas nas ruas atrás dos últimos presentes, crise econômica, famílias cada vez mais desanimadas com a festa - será só a minha? Não sei se é impressão ou se é a veiêra mesmo, mas sinto que o Natal perdeu muito do poder de mobilização aqui em casa e nas casas de muitos amigos. Aquela coisa de saber a data de montar a árvore, do ritual de tirar a caixa de enfeites da parte mais alta do armário, de pensar na "diagramação" das bolinhas para ficar bonito, de arrumar tudo, organizar amigo oculto, fazer adivinhaçõezinhas para ninguém descobrir quem havíamos tirado...enfim. Sinto que muito disso se perdeu.

Hoje a árvore aqui de casa é um vaso de comigo-ninguém-pode, poderosérrimo, todo enfeitado com luzes. Os presentes estão no chão, em volta da "árvore", mas não há n-e-n-h-u-m cartão de Natal junto. Os Correios nem passaram por aqui, a não ser para trazer contas, como faziam com o Vampiro Brasileiro. Muito ouvi coisas do tipo: "tenho de comprar o presente de fulano", antes da pessoa se lançar em uma cruzada nas ruas para voltar com "um presente", e não "o-presente-a-cara-do-presenteado".

Realmente, acho que a festa se voltou toda para a questão dos presentes e muito do ritual está se perdendo. E olha que, não vou mentir, eu gosto um bocado do ritual. Preciso dele para construir o sentido do Natal pra mim! Então fica combinado que eu vou desligar o computador e ler um livro comendo nozes com guaraná com o friozinho entrando na casa, como foi sempre! :)

Ah, sim! Eu estava prestes a escrever aqui o último e e grande sinal desse desânimo - o CD de Natal da Simone nem tocou! - quando minha mãe entra no quarto bradando: "Cadê meu CD? Onde você escondeu?". Esconder disco da Simone, eeeu?? Não sei de nada! Se escondi mesmo, foi há muitos anos e eu nem lembro onde! Thanks Santa Claus!

18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...