segunda-feira, 21 de setembro de 2009

análise da imagem



Li hoje uma matéria no jornal online Extra, em que a Fernanda Torres admite ter usado cocaína por muitos anos, e confesso que ainda não digeri muito bem. O que me chamou a atenção não foi o fato dela abrir a lombra pra geral, mas sim a foto bizarra que ilustra a matéria. Alguém por favor me explica o que é a atriz rindo e fazendo pose enquanto um morador de rua está caído logo atrás dela? Isso foi proposital ou o fotógrafo não olhou ao redor? Qual a construção de sentido por trás dessa imagem? Não acredito na hipótese de o fotógrafo não ter reparado, porque enquadrar é escolher significados, informações, recortar a realidade. Que recorte, esse? Se a idéia era passar uma naturalidade, do tipo "as coisas estão no mundo", achei de péssimo gosto.
Se o link não funcionar, aqui vai a matéria:


Fernanda Torres revela que usou drogas durante anos

Fernanda Torres deu uma entrevista reveladora à revista “IstoÉ” desta semana ao falar abertamente sobre drogas. A atriz disse que usou substâncias proibidas durante anos, em especial a cocaína, que considera “o pior demônio”. “Comecei com a maconha e fui até o pó”. Fernanda escreveu a peça “Deus é química” em que trata do assunto. Hoje, felizmente, ela diz não usar mais drogas. “Parei. Faz um bom tempo. Acho que o que me bateu mais foi a saúde. Quando se é novo, queremos experimentar morrer. Quando olho para trás, penso: ‘Nossa, eu corri tantos riscos de morte na minha juventude’”. Fernanda diz que nunca subiu uma favela para comprar cocaína, mas seus pais sabiam que ela era uma usuária. “Meus pais sabiam de tudo: eles não deixavam usar drogas em casa. Sabiam que eu usava. Mas não se falava sobre isso, não se tocava no assunto. Eles eram uma espécie de freio mental.”

urbana legio omnia vincit!

Ontem foi um dia de pura nostalgia para mim, com a aparição "surpresa" da Legião Urbana no Porão do Rock. Surpresa entre aspas porque todo mundo já sabia que eles apareceriam. Há semanas corriam os boatos de que o Toni Plantão cantaria no lugar do Renato Russo, mas foi melhor ainda! Pensem num show com Dado, Bonfá e vários vocalistas "amigos" da Legião se revezando...ai ai! :) Bom demais!

O show começou meio sem alarde, com umas entrevistas de Dado, Bonfá e RR sendo exibidas no telão, assim como quem não quer nada, sem ninguém anunciar nada. De repente, depois de Renato Russo mandar um "A verdadeira Legião Urbana são vocês", começa Tempo Perdido. Eu, que já fui esperando pelo show, fiquei meio sem acreditar que era de verdade. Completamente surreal ver todo mundo cantando junto, de coração, músicas que ficaram tão lá na minha (na nossa) adolescência. Inevitável ficar com um nó na garganta, choro contido...é realmente emocionante ver como as músicas da Legião ainda tocam!

Eu, baixinha, não consegui enxergar lá muito do que se passava no palco. O ápice foi quando o Igor me colocou nos ombros, bem na hora de Eu Sei e Pais e Filhos. Bom demais ver aquela multidão toda cantando junto. Nostálgico, enérgico...pulei que nem uma macaca, fiz as dancinhas punks dos tempos de carnarock com o Lan e o Reginaldo, parecíamos três adolescentes doidões.

Em um segundo, todas as lembranças chegaram: passar o recreio cantando Legião no fundo da sala de aula, rodinhas de violão, escrever "força sempre" de liquid paper na mochila, achar que o Renato Russo tinha traduzido o que minha incomunicabilidade não me deixava traduzir, camiseta da Legião, ICQ até tarde falando de música, ir até Caldas Novas para ver os Paralamas tocarem (super groupie!), deitar no pilotis do prédio onde o Renato Russo morou e sentir que estava me conectando com o cosmos, fazer o percurso das locações das músicas, pesquisar os códigos cifrados, as referências por trás das letras...tanta coisa, tantas memórias vindo ao mesmo tempo que foi impossível não ficar emocionada.

Eu andava me sentido sem energia nos últimos tempos, mas esse show me reconectou com coisas que me deixam deveras feliz. Para não esquecer. Quando a vida fizer cara feia pra você, dance um punk rock com ela, faça suas próprias colagens de memórias boas. Garanto que melhora!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

presente é quando o acaso empurra um livro vermelho da estante


Há muito tempo quero deixar aqui um elogio ao livro Mania de Explicação, da Adriana Falcão. Comprei no começo do ano, quando estava passeando pela estante de livros infantis na Livraria Cultura em busca de um presente para a minha afilhada. Comprei um livro de princesa para ela e a poesia da Adriana Falcão para mim.

Eu já gostava muito da Adriana desde que li o Luna Clara e Apolo Onze numa sentada só. O livro é uma delícia, lindo, delicado, cheio de histórias e detalhes que só ela consegue pensar. Com o Mania de Explicação não é diferente: ela vai definindo os sentimentos de maneira lúdica e poética, pela voz de uma menina que tinha mania de explicar todas as coisas - "essa menina pensa que é filósofa, as pessoas diziam".

Aí, pelos olhos da menina que buscava uma explicação para cada coisa, ela vai explicando:

- Dedicatória é quando todo o amor do mundo resolve se exibir numa só frase;
- Irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio do seu peito;
- Solidão é uma ilha com saudade de barco (essa, a minha favorita!);
- Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue;
- Pouco é menos da metade. Muito é quando os dedos da mão não são suficientes;
- Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro da sua cabeça;
- Angústia é um nó muito apertado bem no meio do seu sossego;
- Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair do seu pensamento;
- Sucesso é quando você faz o que same fazer só que todo mundo percebe;
- Antes é uma lagarta que ainda não virou borboleta
- Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
- Alegria é um bloco de carnaval que não liga se não é fevereiro (também adoro!)

- Amor é...bom, aí vocês vão ter que ler o livro para ver o que a menina que gostava de ficar pensando pensamentos concluiu sobre o amor!

Leitura-nuvem, cócegas, um carinho. Ler a Adriana Falcão é sempre uma delícia! Ah, sem falar nos episódios que ela escreve para a Grande Família. Morro de rir com a Nenê, alter-ego assumido da Adriana, super mãezona, cheia de perfeccionismos, ansiedades, coração. Um dia quero ser que nem a Adriana Falcão: espalhar palavras por aí, seja no teatro, tv, cinema ou estantes de livros infantis...

Ah, sim: esqueci de dizer que as ilustrações do livro, da Mariana Massarani, também são lindas!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

nada serve de chão


Em tempos de desconfiguração, essa música vem bem a calhar. Daniela, do Pedro Guerra. Conheci na época em que assisti ao Caótica Ana, do Julio Medem. Já postei aqui uma versão de Tiempo y Silencio, que ele canta com a Cesaria Evora e entrou na trilha sonora do filme. Daniela não está no filme, mas bem que poderia estar: Ana também estava llena de puertas, exercitando a coragem de abrir cada uma delas e se lançar na jornada rumo a si mesma. Sua caverna na Espanha ensolarada tinha portas desenhadas nas paredes. Nada mais representativo de sua alma. E da minha:

Daniela

Daniela por dentro está llena de puertas
Unas cerradas, otras abiertas
Daniela por dentro está llena de puertas
A veces sales, a veces entras

Daniela es del viento y a veces se entrega
Y pierde cosas pero otras quedan

Daniela es un árbol un libro una abeja
Volando entre tantas en una colmena

A veces es difícil ser
Y lo que hay
No siempre es lo que es
Y lo que es
No es siempre lo que ves

Daniela respira y a veces se cuelga
A veces no sabes si es ella o no es ella
Daniela no entiende de todo y espera
Que alguien le calme sus noches en vela

18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...