quarta-feira, 11 de novembro de 2009

olha a sincronicidade aí, gente!


Antes eu tinha medo do twitter, porque o Ricardo Eletro começou a me seguir depois d´eu ter desabafado sobre um problema na entrega da minha geladeira.

Agora também tenho medo do Facebook. A-c-a-b-e-i de publicar o texto anterior e resolvi passar o tempo lá um pouquinho, antes de mergulhar na dissertação. Aí vi um desses testes que uma amiga havia feito, desses que o resultado aparece pra gente. O teste era: "o que você foi em vidas passadas?". Bom, ela havia sido uma filósofa grega, daí eu me empolguei com a veracidade do negócio e fui fazer também. Descobri que eu fui uma ostra. Medo. Mas a sincronicidade não parou aí. Sintam só a descrição de minha vida passada enquanto ostra:


uma ostra
Com sua restrição no campo do pensamento e também corporal, ter nascido humano é um grande passo. O sentimento de felicidade sem um motivo claro, a simples alegria de viver advém desta liberdade adquirida. Por outro lado, a forte influência dos outros sobre suas decisões, a incertitude em relação aos relacionamentos e a confusão sobre o rumo certo a se tomar são ainda resquícios da vida aquática e influência das marés. Ser humano é uma nova aventura. Experimente e descubra; sua jornada está apenas começando!


Psicologizando um pouco...

Aconteceu uma coisa engraçada comigo na volta de Porto Alegre. Bom, não falei aqui o motivo da minha passagem por lá: fui apresentar um artigo no congresso "Comunicação e Imaginário", na PUCRS, que contou com a presença mais do que especial de Michel Maffesoli. O fato é que eu tive que falar em público e quem me conhece sabe que eu tenho uma série de ziquiziras emocionais quando sou, digamos, o centro das atenções. Na semana anterior ao congresso, eu havia dado uma aula na graduação, substituindo um colega do mestrado. Okêi, passei semanas sofrendo por antecedência. Aí veio o congresso. E o coração disparou de novo, a pressão caiu, deu amnésia, sensação de desmaio...o pacote completo again, mas eu bravamente enfrentei o leão e apresentei e sobrevivi.

Além dessa situação, eu me senti um tanto incitada a falar durante toda a viagem. Explico: eu estava com uma grande amiga do mestrado, a Beta, que gosta muito do calor do debate, da troca de idéias olho no olho, da imagem de "lançar-se", "projetar-se no mundo". Eu quero ser a Beta quando eu crescer. E outras pessoas que já encontrei na vida, que carregam essa mesma soltura.

Mas eu ainda estou aqui, juntando minhas imperfeições. Por enquanto, ainda faço como a Clarice Lispector tão bem desenhou de si: eu costuro pra dentro. Isso me traz uma série de problemas, mas eu só entendo o mundo como entendo por conta disso, então acho que também deve ter sua beleza. O recolhimento deve ter sua beleza. Eu só escrevo porque observo. E observo no meu silêncio, no meu andar às vezes apressado que não é sinônimo de falta de afago do olhar, no tempo interior que é diferente do tempo dos passos, até nos meus braços cruzados que protegem o peito dos abismos.

Eu sou irremediavelmente atraída pelos abismos - vejam, meu mestrado é até sobre isso, na essência. Mas ainda não é simples para mim chegar até lá, tirar o pé que ainda se firma na margem. Por ainda ser um mistério, ainda me mobiliza tanto. É aí que está a beleza da jornada, creio eu. Se tudo estivesse pronto, dado, não haveria o caminho. Eu estou caminhando, conduzida em uma mão pelo desejo de não me fechar tanto e, na outra, pela solidão absolutamente necessária.

Aonde eu queria chegar com tudo isso? É que, de tanto falar e não encontrar espaço para o meu silêncio, eu cheguei a Brasília sem voz. Rouca. Um fiapo de voz tentando se reconfigurar.

A explicação racional, se buscarmos, certamente será o ar condicionado do avião, que me fez ter que tomar um Desalex básico ao chegar em casa. Não tem jeito, sempre acham que sou uma potencial hospedeira do H1N1 nessas crises de rinite. Pode ser o avião. Mas prefiro sempre a dangerosíssima viagem de si a si mesmo, agora no contato com o outro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Primeiras impressões sobre Porto Alegre

Cheguei ontem a Porto Alegre.  Do aeroporto, peguei um taxi e vim direto para o hotel, aqui na cidade baixa. Como estava morrendo de fome, resolvi caminhas nas redondezas em busca de um lugar para comer às 15h. Bom, a primeira tentativa foi um tal de Bar do Beto, aqui na esquina perto do hotel. Simpática, pedi licença ao garçom e perguntei se havia opções de lanches também ou apenas pratões que servem várias pessoas. Só d' eu falar "licença" e segurar seu ombro, o sujeito já me olhou com a cara mais feia do mundo. Disse toscamente que tinha lanches também. Procurei uma mesa e, como ninguém me atendeu em 10 minutos, resolvi ir embora. Fui caminhando até o Parque Farroupilha, onde começou verdadeiramente minha saga. Vou contá-la em pequenas pílulas:

§ Logo na entrada do parque, achei um café simpático no lago dos pedalinhos. Resolvi almoçar por ali, no deck. Pedi um waffle de palmito gratinado achando a coisa mais diferente do mundo. Na verdade, é como se fosse uma pizza, com a massa de waffle, com mais queijo do que palmito. Overdose de lactose na veia logo na chegada, continuei a caminhada pelo parque, achando que seria amena.

§ Perguntei a um casal pra que lado ficava a "feirinha". Eles me olharam com cara de interrogação, viraram um para o outro: "feirinha? tu sabes onde fica isso? ela deve estar querendo falar do bric, né?". Bom, eu disse que sim, que devia ser, lembrei de ter ouvido minha amiga gaúcha, a beta, pronunciar essa palavra. E lá fui caminhando rumo ao bric do parque.

§ A gente se acostuma a achar que, em Porto Alegre, sempre faz frio. Mas o calor aqui está pior que o de Brasília! Fui ao parque com a roupa que usei na viagem: calça jeans, tênis e blusa preta de manga curta. Okêi. Até achar o tal do bric, acho que andei umas 2 horas com sol na moleira (tá, eu me perdi algumas vezes, vim e voltei, isso aumentou o percurso!). Resultado: lá pelas tantas eu já estava com sensação de desmaio, doida por uma água e por uma sombra. 

§ Na metade do percurso, vi uns adolescentes roqueiros (muitos!) deitados na grama, tomando vinho e tocando violão. Pensei: isso deve ser o bric, sei lá, o bric deve ser o bafão do parque!! Aí me empolguei e fui subindo na direção dos roqueiros. Essa parte do parque é como se fosse uma mistura de Pátio Brasil, Esplanada dos Ministérios à noite e Avenida Paulista. Sério, é muito surreal: no meio do parque, do nada, surge um reduto gótico/grunge/indie/sei lá. Muitas meninas de cabelo azul (será influência daquela moça da MTV, a Mari Moon?); muitos ray ban wayfarer daqueles de armação colorida, bem anos 80; muitas franjas e cabelos repicados com mullets (proximidade com a Argentina?); muita gente de sobretudo num calor de matar. E nenhum hippie!! Eu não vi nenhum hippie no parque! Não é surreal?

§ Bom, depois de andar uns 15 minutos na passarela dos roqueiros, resolvi perguntar para a moça da água de coco se aquele "movimento" era o bric. Ela riu e me disse que não, que eu devia andar na direção oposta (a mesma de onde eu vim) até ver umas barraquinhas. Okêi, obstinação, vamos lá. Andei até as tais barraquinhas e, pra minha surpresa, trata-se de uma avenida inteira lotaaaada de barracas. Nada que você aparentemente possa ver em pouco tempo. A essa altura, eu já devia estar desidratando. Maldisse a hora em que pedi o tal waffle de palmito carregado de queijo e  sentei num banquinho. Respirei fundo e resolvi voltar. Sem ver mais de 10 minutos de bric e sem comprar nada.

§ Aliás, voltei pensando: por que diabos os gaúchos chamam feirinha de bric? Acho uma palavra bonitinha, lúdica, me lembra bric-a-brac, me lembra flicts, sei lá. Mas qual o sentido? Será que vem de bricolage, porque as banquinhas vendem as coisas mais diversas desse mundo? Eu, heim. Ainda estou sendo iniciada aos mistérios de Porto Alegre. Daqui a pouco as coisas começam a fazer sentido.

§ Voltei para o hotel com os braços queimados de sol, ardendo, coçando, tudo. Isso é para eu aprender a passar protetor solar não só no rosto. Tomei um banho gelado, me bateu uma moleza louca e eu resolvi deitar "um pouquinho". Isso por volta das 17h30.  Acordei às 23h30, com o estômago roncando e meio grogue. Comi uma barrinha de Alpino que tinha na bolsa, vi um pouco de TV, li um pouco e chapei outra vez, lá pra 1h. Pra minha surpresa, acordei somente às 8h! Acho que nunca dormi tanto em toda a minha vida. Hibernar é pouco pra esse fenômeno. Mistérios de POA...

§ Hoje é feriado, Dia de Finados, e a cidade baixa está deserta. Daqui a pouco vou almoçar com Matias e  Nunu, que também estão por aqui. Que venham novos segredos e que a cidade me surpreenda, amém.



18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...