quarta-feira, 31 de março de 2010

lições de anatomia

Descobrindo, na prática, que raiva dói bem no estômago. Dá para saber direitinho: é como um soco, um vulcão, um incêndio a querer ultrapassar paredes.

Essa outra dor, não. Dói bem no coração, no tal lado esquerdo do peito, e é um nó. Um sufocamento, uma asfixia.

Tudo são infinitos contidos, de qualquer forma. Contenção. Com tensão.

milágrimas

mas se apesar de banal
chorar for inevitável
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma
duas, três, dez, cem mil lágrimas, sinta o milagre
a cada milágrimas sai um milagre.


milágrimas, de itamar assumpção e alice ruiz

quinta-feira, 25 de março de 2010

zingarina en la strada II

Acabo de descobrir pelo Google que existe uma "Via Zingarina" em Rimini, cidade do Fellini na Itália. Só posso crer que todos os caminhos bonitos convergem. Ou sou eu que os reuno, a beleza por minha conta? Pode não dizer nada para a maioria das pessoas, mas diz tudo para mim. Meu mural de coincidências felizes.

and so castles made of sand

melt into the sea, eventually.

segunda-feira, 22 de março de 2010

oxalá o passo não esmoreça

Nada mais oportuno para os últimos dias do que ouvir repetidamente Oxalá, do Madredeus, uma das músicas mais lindas na minha opinião. Que o passo não esmoreça, que o carnaval aconteça, que a vida me corra bem. Essa é minha oração.

Além de ser minha trilha sonora para não entregar os pontos, é também uma homenagem ao Paulo Miranda, leitor do Poema Lunar desde Portugal :) Que bom saber que tenho um leitor d´além-mar! Fiquei feliz, e essas pequenas alegrias vão me recompondo. Obrigada, Paulo, pelo sorriso de hoje.



sábado, 20 de março de 2010

retrato

Um estranho passou por mim ontem, me olhou e disse:

- Ô, moça, você tá numa tristeza de dar dor...posso ajudar?

Em seguida, outro estranho passou por mim, perguntou se eu estava bem e me comprou uma água.

Acho que a tristeza estava estampada na minha cara. A desilusão com as pessoas devia estar reluzindo nas minhas lágrimas. Eu só acredito na espécie humana por conta de seres como esses, desconhecidos, que pararam diante da minha dor. E por conta dos meus amigos. Pelo resto, eu não acredito, não.

Ameaças, gritos, grosserias, chantagens, coação... nada disso me derruba, nem nunca vai me derrubar. Cada um colhe o que planta, e um dia a vida apresenta a conta. Hoje isso é tudo o que eu tenho a dizer. Não me sobra energia para mais nada.

Vou cuidar da minha decepção, em silêncio, longe dos berros dos últimos dias. E tentar tirar da cabeça (do coração, da memória, do corpo, enfim) o registro de uma agressão psicológica tão tosca quanto a que eu sofri na quinta-feira. Que esse dia suma da minha vida, amém.

quarta-feira, 17 de março de 2010

zingarina en la strada

Jorge Macchi, Swimming Pool, 2008, lápis sobre papel.


Metas culturais para esse ano (especificamente para a vida pós-mestrado):

- Conhecer Inhotim. Ver tudo, especialmente o trabalho do Jorge Macchi de perto;
- Bienal de SP, apesar de estar uma coisa meio "assim assim" ultimamente...;
- Début na Flip, porque é uma questão moral, né?

Acho que está muito ambicioso, considerando que já estourei minhas férias do ano para escrever dissertação (afe!), mas não custa acreditar. Qué lindo que es soñar! Soñar no cuesta nada...

É que tem tanto tempo que nem ao cinema eu consigo ir...ai! Mas por esses dias tem Moby e Franz Ferdinand em Brasília, então comecemos por essas saídas menos megalomaníacas :)

P.S.: e a GNews passando um especial sobre Inhotim e os "Nove Novos Destinos". E eu querendo me teletransportar agora para o continente/nuvem da Rivane Neuenschwander...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Teletransporte

Entrei no youtube para procurar alguma música do Velvet Underground, deu vontade de ouvir algo nas cores de sunday morning, e repetir: and i am falling...and i am falling...and i am falling and it never stops. Moody numa quinta à noite.

Aí encontrei um vídeo em destaque sobre Sorrento, cidade da Itália que conheci aos cinco anos. Foi meu sol nesta noite. Percebi que minha lembrança mora completamente ali, no azul do mediterrâneo. De volta ao hotel de fachada elegante, descendo pela longa escada central de tapete de veludo, sentada no restaurante enquanto observava os adultos bebendo vinho e comendo pasta, primeiros exercícios de people watcher

Revisitei também o parque de diversões no meio da rua, com os elefantinhos em carrossel que giravam e giravam e giravam, vermelhos. Ou seria o meu agasalho vermelho que girava junto comigo e com os elefantes? Havia também o mar. Infinito. Calçadas brancas, paredes brancas, e alguma coisa de dourado. E o barco para a ilha de Capri, os reflexos na Grotta Azzurra, acho que um dos lugares mais lindos em que já estive. A gruta azul era pequenininha e guardava um segredo meu. Cochichei e ela me devolveu um silêncio. Agora ela guarda para sempre o eco da minha voz de criança. 

sunday morning virou todo um dia ensolarado no mediterrâneo. E eu fui dormir mais leve.

18 dias no Japão

Foram 18 dias de sonho e muitas caminhadas pelo Japão. Começamos por Tokyo, onde ficamos por 4 dias. A ideia era entrarmos em contato com c...